Especialistas destacaram na Câmara dos Deputados a importância de diagnóstico precoce para tratar a doença renal crônica e prevenir complicações. A Comissão de Saúde discutiu o assunto com médicos e representantes do Ministério da Saúde nesta quinta-feira (22).
Exames de sangue e de urina para identificar a presença de creatinina e albumina, entre outras substâncias, foram apontados pelos especialistas como necessários para o diagnóstico de doença renal, especialmente quando o paciente já tem diabetes, hipertensão ou obesidade.
Os exames são oferecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), mas, segundo a presidente da Federação de Associações e Institutos de Diabetes e Obesidade, Vanessa Pirolo, municípios evitam oferecer os exames porque, em caso de diagnóstico positivo, não têm vaga para hemodiálise.
“Quando nós questionamos a Secretaria de Saúde de Foz do Iguaçu, por exemplo, eles disseram que não faziam o exame de creatinina porque não tinham vaga na hemodiálise. Isso nos chocou de forma tão grande, mas essa é a realidade, infelizmente, de muitos municípios brasileiros”, disse ela.
Vanessa Pirolo lembra, entretanto, que existem cinco medicamentos incorporados ao SUS para o tratamento adequado de doença renal a fim de evitar a hemodiálise.
O secretário-geral da Sociedade Brasileira de Nefrologia, Farid Samaan, destaca que o Brasil é um dos poucos países do mundo que oferecem acesso universal a terapias de alto custo como hemodiálise e transplante.
“A população brasileira que depende exclusivamente do SUS é de cerca de 76%, mas o SUS financia mais de 82% da diálise e mais de 95% dos transplantes renais realizados no Brasil, então o SUS realmente é uma mãe”, disse.
Ele também defendeu investimentos em prevenção da doença renal crônica. "Temos no Brasil deficiências graves em todas as regiões geográficas, inclusive no tratamento realizado na saúde suplementar.”
Dificuldades
A coordenadora-geral de Atenção Especializada do Ministério da Saúde, Carmen Cristina Moura dos Santos, afirma que, no Brasil, dois dos maiores desafios são as desigualdades regionais e a concentração de especialistas nas grandes cidades.
“Em 2023, nós tivemos R$ 165 milhões repassados para estados e municípios para os prestadores de hemodiálise e mais de 17 milhões de procedimentos registrados, com repasse total de R$ 4,3 bilhões para estados e municípios”, informou.
Ela reconhece a importância da atenção primária nesses casos e garante que a situação está melhorando. “Vem aumentando ao longo do tempo o atendimento dessas pessoas na atenção primária, para que a gente possa ter o acompanhamento dessas pessoas na atenção primária e evitar a progressão da doença.”
No Brasil, segundo o secretário-geral da Sociedade Brasileira de Nefrologia, Farid Samaan, o número de médicos especializados em rins é de 2,6 por 100 mil habitantes.
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